Sistema Nervoso

Embriologicamente, Histologicamente, Anatomicamente e Fisiologicamente 

Embriologicamente, o sistema nervoso inicia-se a partir da 3ª semana gestacional com a diferenciação do ectoderma de revestimento em neuroectoderma. A formação deste sistema consiste no espessamento do ectoderma, formando a placa neural. Cresce progressivamente, adquire um suco longitudinal chamado de sulco neural o qual se aprofunda para formar a goteira neural. Os lábios da goteira neural se fundem para formar o tubo neural. A formação do tubo neural começa a em torno do 22ª ao 23ª dia gestacional, ele se fecha primeiramente na região medial, e as extremidades ainda abertas são denominadas de neuroporos e estes de fecharão por volta do 25º ao 27º dia gestacional. A cavidade do tubo neural, antes preenchida por líquido amniótico, agora passa a ser por líquido ependimário. O ectoderma não diferenciado então se fecha sobre o tubo neural isolando-o do meio externo. No ponto em que este ectoderma não diferenciado encontra a goteira neural, desenvolvem-se células que formam de cada lado uma lâmina longitudinal chamada de crista neural. Do tubo neural originam-se os elementos do sistema nervoso central, enquanto que a crista neural dá origem aos elementos do sistema nervoso periférico e autônomo. A parte cranial do tubo neural dará origem ao encéfalo, torna-se mais dilatada, já a parte caudal que dará origem à medula, permanece uniforme. No arquencéfalo distinguem-se inicialmente três dilatações que são as vesículas encefálicas, as quais iniciam na quinta semana do embrião. Estas vesículas são: prosencéfalo, mesencéfalo, rombencéfalo. Com o desenvolvimento do embrião o prosencéfalo dá origem a duas vesículas: telencéfalo e diencéfalo. O mesencéfalo não se modifica e o rombencéfalo origina o metencéfalo e o mieloencéfalo. No telencéfalo as vesículas laterais crescem muito para formar os hemisférios cerebrais. O diencéfalo apresenta quatro pequenos divertículos: 2 laterais, que formarão as retinas; 1 dorsal que formará a glândula pineal; e 1 ventral que formará a neuro-hipófise. Nas flexuras encefálicas o rombencéfalo é dividido em mieloencéfalo, que se converte no bulbo, enquanto que o metencéfalo torna-se a ponte e o cerebelo. A cavidade neural continua em todo o tubo neural, passa a canal central na medula espinal, quarto ventrículo no rombencéfalo, aqueduto cerebral no mesencéfalo, terceiro ventrículo no diencéfalo e ventrículo lateral em cada hemisfério cerebral. É desta zona ventricular que se originam todos os neurônios e células da macroglia na medula espinal. A crista neural logo se separa em partes direita e esquerda que migram para a parte dorsolateral do tubo neural. As células da crista neural se diferenciam em vários tipos de células, incluindo glândulas do sistema nervoso autônomo, gânglios dos nervos cranianos e as bainhas dos nervos periféricos, pia-máter e aracnóide. No 4º mês gestacional começa o processo de formação da bainha de mielina, formada no sistema nervoso central pelos oligodendrócitos, e no sistema nervoso periférico pelas células de schwann. Este processo só termina por volta dos 3 anos de vida.
Anatomicamente o córtex cerebral é dividido em áreas denominadas lobos cerebrais, cada um com funções diferenciadas. No lobo frontal, acontece o planejamento de ações e movimento. Nele estão incluídos o córtex motor (controla motricidade voluntária) e o córtex pré-frontal (aprendizagem motora e movimentos de precisão). Lobos occipitais, localizados na parte inferior do cérebro, processam os estímulos visuais. Lobos temporais, na zona localizada acima das orelhas e com a função principal de processar os estímulos auditivos. Lobos parietais, na região superior do cérebro, têm a função de perceberas sensações como o tato, a dor e o calor e ainda permite ao indivíduo se localizar no espaço.
O tecido nervoso encontra-se distribuído pelo organismo interligando-se e formando uma rede de comunicações. Este sistema dividi-se em central e periférico. O sistema nervoso central dividi-se em encéfalo e medula espinal e o sistema nervoso periférico dividi-se em nervos e gânglios nervosos. O tecido nervoso apresenta dois componentes principais: os neurônios, células que apresentam longos prolongamentos; e vários tipos de células da glia ou neuroglia que, além de sustentarem os neurônios, participam da atividade neural, da nutrição dos neurônios e dos processos de defesa do sistema nervoso. As células nervosas são formadas por um corpo celular, núcleo, dendritos, oligodendrócitos, axônio, bainha de mielina, células de schwann, ramos colaterais, placa motora ou terminais sinápticos. O encéfalo é a principal área integradora do sistema nervoso, pois é nele que são armazenadas as memórias, elaborados os pensamentos, gerando o controle voluntário do nosso corpo e nossos comportamentos. A medula espinal exerce duas funções: primeira é servir de condutor dos impulsos nervosos que vão ou vêm do cérebro; e a segunda é que serve como área integradora para ações do arco reflexo (ações involuntárias). Os neurônios recebem uma classificação morfológica que os dividem em multipolares, bipolares e pseudounipolares. Os multipolares são os mais comuns e possuem mais de dois prolongamentos saindo do corpo celular; os bipolares são encontrados na retina e mucosa olfatória, eles apresentam apenas dois prolongamentos saindo do corpo celular; e os pseudounipolares são encontrados nos gânglios espinais e possuem apenas uma projeção do corpo celular, e desta saem duas projeções: uma para a periferia; e a outra para o sistema nervoso central. Estas células nervosas também possuem classificação quanto a sua função, podendo ser motor (com fibras eferentes controlam órgãos efetuadores como os músculos e glândulas), sensitivo (com fibras aferentes recebem os estímulos internos e externos e levam ao encéfalo) e interneurônios (estabelecem as conexões entre os neurônios). Os neurônios possuem moléculas nas membranas que são canais para o transporte de íons para dentro ou para fora do citoplasma. No estado basal o íon em maior quantidade extracelular é o Na+ (sódio) e intracelular é o K+ (potássio) e nesta configuração se tem o potencial de repouso da célula, com o meio interno eletricamente negativo. Quando o neurônio é estimulado, os canais iônicos se abrem e ocorre um rápido influxo de sódio; esse fluxo modifica o potencial que era de -65mv para +30mv. O interior do axônio se torna positivo em relação ao exterior, originando o potencial de ação ou impulso nervoso. Atingindo o potencial de +30mv, os canais de sódio se fecham, tornando a membrana do axônio novamente impermeável a este íon. O influxo de sódio faz com que haja um efluxo do potássio. A comunicação sináptica é responsável pela transmissão unidirecional dos impulsos nervosos. Sua função é transformar um sinal elétrico pré-sináptico em um sinal químico pós-sináptico. Este sinal químico é transmitido pela ação de neurotransmissores, que quando combinados com proteínas, abrem ou fecham os canais iônicos. Na sinapse, as membranas das duas células nervosas ficam separadas através de um espaço chamado de fenda sináptica. A porção terminal do telodendro mostra as estruturas chamadas de vesículas sinápticas. Estas vesículas contêm substâncias que são mediadores químicos, responsáveis pela transmissão do impulso nervoso. Estes mediadores são liberados na membrana sináptica e vão agir na membrana pós-sináptica, promovendo a condução do impulso nervoso.
O neurônio é a unidade básica do processamento de informação, sendo especializado na condução do impulso nervoso. O sistema nervoso além de ajudar a manter a homeostase, juntamente com o sistema endócrino, é responsável por nossas percepções, por nossos comportamentos e memórias, bem como pelo início de todos os movimentos voluntários. No sistema nervoso os corpos celulares dos neurônios localizam-se somente na substância cinzenta. A substância branca apresenta apenas os prolongamentos celulares. No sistema nervoso periférico os pericários são encontrados em gânglios e em alguns órgãos sensoriais. O pericário é a porção do neurônio que contêm o núcleo e certa quantidade de citoplasma. É primariamente um centro trófico, mas também tem função receptora. O núcleo na maioria dos neurônios é esférico e cada núcleo tem em geral um nucléolo único, grande e central. Retículo endoplasmático granular é muito abundante nas células nervosas e varia de acordo com o tipo e o estado funcional da célula, sendo mais abundante nos neurônios motores. O aparelho de golgi localiza-se exclusivamente no pericário, em torno do núcleo. A maioria das células nervosas possui vários dendritos, os quais aumentam consideravelmente a superfície celular e sua estrutura é muito parecido com o corpo celular, não possuindo, porém, o complexo de golgi. Cada neurônio possui apenas um axônio, que é cilíndrico de comprimento e de diâmetro variável. Calcula-se que no sistema nervoso central exista 10 células da glia para cada neurônio, mas em virtude do menor tamanho destas células, elas ocupam aproximadamente metade do volume do tecido. Distinguem-se na neuroglia os seguintes tipos celulares: astrócitos (protoplasmáticos e fibrosos), oligodendrócitos, micróglia e células ependimárias. Há no interior da substância branca os gânglios da base,  que são massas de substância cinzenta, localizados na base do cerebelo, principalmente na posição lateral e circunvizinha ao tálamo. Eles se comunicam com o córtex por duas vias: direta ou excitatória (projeção do pálido externo para o pálido interno para os núcleos talâmicos) e a indireta ou inibitória (projeções do pálido externo para o núcleo subtalâmico para o pálido interno para o núcleo talâmico). Compondo também o cérebro há o corpo caloso que é a maior das comissuras inter-hemisféricas. Formado por fibras mielínicas que cruzam o plano sagital mediano e que penetram de cada lado no centro branco medular do cérebro. Tem função de levar informações de um lado do hemisfério ao outro, além de ser uma ótima referencia anatômica. Por fim, o cerebelo que fica situado dorsalmente ao bulbo e a ponte, repousando sobre o osso occipital, fisiologicamente difere-se do cérebro porque funciona sempre em um nível involuntário e inconsciente, sendo sua função exclusivamente motora (equilíbrio e coordenação).

O sistema nervoso autônomo refere-se ao controle da musculatura lisa. Sua função é ajustar certas atividades do organismo a fim de manter a homeostase deste. Este sistema é formado por duas partes distintas por sua anatomia e sua função: o sistema nervoso simpático e parassimpático. O sistema nervoso autônomo simpático tem seus núcleos situados nas porções torácicas e lombares da medula espinal e seu mediador químico é a noradrenalina. O sistema nervoso autônomo parassimpático tem seus núcleos na porção sacral e seu mediador químico é a acetilcolina. A maioria dos órgãos inervados pelo sistema nervoso autônomo recebe ambas as fibras, enquanto o simpático estimula, o parassimpático inibe.

Comentários