Neurologia - Controle Motor e Aprendizagem Motora


1.           Controle motor e aprendizagem motora

O movimento aprendido e controlado é dado pela observação dos seguintes fatores: tônus muscular, ação reflexa e mecanismos reflexos e reações posturais.

1.1         Tônus Muscular
É o estado de tensão permanente dos músculos. Este estado de tensão depende dos fatores físicos que proporcionam elasticidade do tônus de repouso ou residual e dos fatores referentes a integridade nervosa que auxiliam por meio do tônus de reflexo ou postural e de ação.
“Funcionalmente o tônus muscular é definido como a resistência muscular que o examinador percebe, quando mobiliza uma articulação do paciente em repouso. A manutenção e controle deste tônus depende da função normal de vários níveis do SNC (do córtex pré-central – áreas 4 e 6 de Brodmann , dos núcleos da base, do mesencéfalo, do vestíbulo e da medula espinhal) e do SNP através de todas as estruturas envolvidas no reflexo miotático. Reforçando o conceito, devemos ter presente que o tônus normal é a soma algébrica de todas as influências excitatórias e inibitórias do SNC sobre o reflexo do estiramento. O componente resultante destes valores é, funcionalmente, a resistência muscular” NUNES E MARRONE 2002.
O reflexo miotático é à base do fenômeno tonígeno. O estímulo adequado para a obtenção do reflexo é o estiramento muscular que pode emitir dois tipos de resposta: fásica (brusca, clônica e de caráter cinético – reflexo patelar, aquileu, bicipital) ou tônica (prolongado, intenso e estático – regula os movimentos e posturas).

Alterações do tônus:
Hipotonia: “Ocorre, de um modo geral, em consequência da inatividade muscular, sem ser isto manifestações de patologia. Os processos patológicos que se manifestam por hipotonia são devido a alterações nas estruturas do reflexo miotático, ou seja, na unidade sensitiva e/ou na unidade motora. Lesões cerebelares também são causa de hipotonia, assim como as lesões agudas e severas de cérebro e da medula. Dessa maneira, é importante reforçar que os sinais clínicos de uma lesão do neurônio motor superior dependem da rapidez de instalação e de extensão” NUNES E MARRONE 2002.
Se o acometimento for do sistema nervoso periférico o comprometimento se dará na interrupção do arco reflexo espinal, já se este comprometimento ocorrer no sistema nervoso central o comprometimento ocorrerá no nível das disfunções dos centros superiores.
Hipertonia: Pode acometer a via piramidal causando espasticidade que resulta no fenômeno canivete (local/focal). A averiguação deste fenômeno se dá quando o examinador mobiliza rapidamente uma articulação e percebe o aumento da resistência muscular inicial a qual desaparece, em forma precoce, ao completar o movimento. A descrição gráfica é do movimento de abrir a lâmina de um canivete, a qual oferece exclusiva resistência inicial deixando o resto do movimento livre de dificuldades. NUNES E MARRONE, 2002.
Quando acomete a via extrapiramidal causa rigidez muscular resultando em um fenômeno denominado de roda denteada de negro. Este fenômeno é caracterizado pela resistência muscular durante todo o movimento articular examinado. O examinador inicia o exame físico com a articulação em repouso em todo o percurso do movimento percebe o aumento do tônus, semelhante á rotação de uma roda dentada. A resistência permanece aumentada, independente, do ângulo articular ou da velocidade colocada para examinar. NUNES E MARRONE, 2002.
Uma observação importante é a que a força do paciente será sempre inversamente proporcional a espasticidade do segmento em questão, ou seja, quanto maior o grau de espasticidade em um braço menor será a força que ele terá para fazer suas atividades normais que envolvem aquele mesmo membro.

1.2 Ação reflexa
É uma resposta contrátil ou motora, involuntária, estereotipada, resultante de um estímulo sensorial. Qualquer ação reflexa envolve inúmeros reflexos.
“Os reflexos podem ser as primeiras alterações em inúmeras patologias neurológicas, mesmo de forma sutil, tanto em intensidade como em características. Isso dá indícios importantes em relação ao tipo de anormalidades, e a sua localização. Essa última afirmativa se deve ao fato de que cada reflexo corresponde a um centro num determinado nível do neuroexo”. NUNES E MARRONE, 2002.
As terminações sensitivas podem ser: exteroceptores, proprioceptores ou interoceptores.
Os exteroceptores “São reflexos superficiais obtidos pela estimulação da pele ou mucosa e que tem períodos de latência prolongados em relação aos profundos e são facilmente esgotáveis por serem polissinápticos.” NUNES E MARRONE, 2002. O reflexo cutâneo plantar em flexão promove a flexão plantar dos artelhos, já o reflexo cutâneo plantar em extensão promove a flexão dorsal ou extensão lenta do hálux – sinal de babinski.
Proprioceptores: Os estímulos atuam ou se originam nos músculos, tendões, labirinto – estímulos no interior do próprio corpo. Segundo, NUNES E MARRONE, 2002, o reflexo estilorradial (braquiorradial) deixa o antebraço do paciente em posição semifletida, apoiado distalmente pela mão do examinador em situação de semipronação, em seguida, percute-se a apófise estiloide do rádio e espera-se uma contração, principalmente do músculo braquiorradial, fazendo flexão e ligeira pronação do antebraço, podendo haver em alguns casos, contração dos flexores da mão e dos dedos. Existem ainda outros reflexos como o cubitopronador (rotação lateral do punho), patelar, bicipital, tricipital.
Os proprioceptores labirínticos localizam-se no ouvido interno, contêm os receptores da audição e também os três canais semicirculares, o utrículo e o sáculo, responsável pela manutenção do equilíbrio, se relacionam com o movimento e com a posição da cabeça, respectivamente.
Os reflexos de endireitamento labiríntico causam ações reflexas involuntárias.
Interoceptores: Receptores sensoriais localizados dentro do corpo. Alguns podem ser encontrados na parede do intestino, em vasos.
Mecanismo Reflexo e Reações Posturais:
É o fator essencial da evolução da motricidade nos primeiros meses. Este mecanismo promove o desenvolvimento dos padrões motores normais, ou seja, controle da cabeça no espaço, a coordenação da cabeça com o tronco e do tronco com os membros mediante rotação. Ocorre de forma automática e de acordo com o tempo e o meio que se está inserido. Esse mecanismo consiste, ainda, em três fatores principais: os padrões normais de coordenação, o tônus postural e seu ajuste e a inervação recíproca normal.

Desenvolvimento dos padrões motores normais:
Mecanismo reflexo normal e de manutenção postural garantem movimentação normal, cujos níveis de atividades reflexas são: nível espinhal; nível tônico; nível basal; nível cortical.
No nível espinhal temos os reflexos tônicos, que produzem alterações involuntárias no tono muscular em resposta a estímulos.
·                    Resposta de suporte positivo - / com suporte de peso
·                    Resposta de suporte negativo - / com retirada de peso
·                    Resposta de fuga - V ao estímulo indesejado.
No nível tônico há reflexos labirínticos tônicos e reflexos cervicais tônicos que são respostas estereotipadas e são modificadas ou anuladas em níveis superiores com maturação postural.
·                    Reflexo Labiríntico Tônico
·                    Reflexo Cervical Tônico Simétrico – V ou / da coluna cervical
·                    Reflexo Cervical Tônico Assimétrico – rotação da coluna cervical.
No nível basal existem reflexos de endireitamento e resposta de equilíbrio. A reação de endireitamento da cabeça segue o movimento da cabeça no espaço, com correção de nível ocular em resposta a distúrbio do labirinto. Já a resposta de equilíbrio se segue no padrão de desenvolvimento normal incluindo mudança de tônus, com movimentos compensadores de acordo com o meio.
No nível cortical dão-se respostas voluntárias e habilidades aprendidas.

Os reflexos de endireitamento e as respostas de equilíbrio devem ser estabelecidas antes que o nível cortical possa ser eficaz.
Áreas Funcionais do Córtex:
·                    Área Motora – Lobo Frontal
·                    Área Sensitiva – Lobo Parietal
·                    Área Auditiva – Lobo Temporal
·                    Área Visual – Lobo Occipital

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